Fonte: AECWeb
Intervenções preventivas são necessárias para manter a qualidade da água e garantir a integridade do poço e dos equipamentos.
Veja também dicas para contratar o serviço
A manutenção dos poços artesianos deve ser feita por profissionais especializados neste tipo de serviço
(foto: Theeraphong/shutterstock)
A construção de estruturas para extração de água em aquíferos é uma alternativa cada vez mais explorada por condomínios e indústrias diante da ameaça de escassez de água.
Artesianos (quando as águas fluem de forma natural do solo) ou semiartesianos (quando são necessárias bombas para conduzir a água até a superfície), esses poços precisam de um programa de manutenção preventiva. O objetivo é acompanhar o comportamento do lençol subterrâneo e dos equipamentos, se antecipando a problemas que possam gerar prejuízos ou diminuir a vida útil do poço.
Vale lembrar que durante a exploração de aquíferos, é natural que minerais dissolvidos na água acabem se incrustando nas paredes do poço, comprometendo a fluidez e a qualidade da água.
PLANO DE MANUTENÇÃO
Quando não temos essas informações construtivas (relatório construtivo do poço), precisamos realizar uma inspeção ótica, via filmagem interna no poço.
Fernando de Carvalho
A elaboração de um programa de manutenção para poços varia em função das características da estrutura em questão. Poços mais antigos exigem intervenções em intervalos de tempo mais curtos em comparação a equivalentes mais novos. O tipo de solo onde a captação ocorre também interfere. Por exemplo, poços em terrenos com solo sedimentar, que exigem a instalação de filtros e pré-filtros, costumam demandar intervenções mais frequentes.
Para subsidiar qualquer intervenção, é necessário ter em mãos o relatório construtivo do poço. Esse documento deve incluir dados como perfil geológico durante a perfuração, diâmetros de perfuração, equipamento de bombeamento instalado e os resultados das análises da água extraída após a conclusão do poço.
“Quando não temos essas informações construtivas, precisamos realizar uma inspeção ótica, via filmagem interna no poço”, explica Fernando de Carvalho, engenheiro do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo). Segundo ele, essas informações são fundamentais para compreender o comportamento hidrodinâmico do poço.
Tais tecnologias (equipamentos eletrônicos de monitoramento em tempo real) facilitaram bastante a realização de diagnósticos e de programas de intervenção
Fernando de Carvalho
Quanto maior for a articulação entre a operação do poço e as atividades de manutenção, melhores tendem a ser os resultados. Isso porque a avaliação sistemática dos dados de operação ajuda a prever problemas e indica alertas para as equipes de manutenção.
Nos últimos anos foram desenvolvidos equipamentos eletrônicos capazes de monitorar em tempo real todas as atividades que acontecem nessas estruturas. “Tais tecnologias facilitaram bastante a realização de diagnósticos e de programas de intervenção”, comenta o engenheiro do DAEE.
LIMPEZA DE POÇO ARTESIANO
Um programa de manutenção preventiva de poços deve contemplar verificações de rotina e periódicas na estrutura e em equipamentos. Tais inspeções devem ter programação compatível com a intensidade de operação e com o tipo de equipamento instalado.
Na maior parte das vezes, as ações incluem o monitoramento do funcionamento das máquinas submersas, dos quadros de controle operacional e da qualidade da água. A cada seis meses devem ser realizados testes para análise físico-química e bacteriológica do líquido extraído. Além disso, mensalmente, devem ser avaliados os equipamentos hidrodinâmicos.
A limpeza, que consiste em retirar o depósito de sedimentos, é uma etapa importante dessas atividades. Ela deve ser realizada anualmente ou a cada seis meses, a depender da necessidade. A limpeza de poços pode envolver processos mecânicos (lavagem com compressor e jateamento) e químicos, especificados de acordo com fatores como a profundidade do poço, a composição química da água e a importância da estrutura para o abastecimento local.
Tanto a limpeza, quanto as demais práticas de manutenção devem ser seguidas da desinfecção da água, assim como de bombas e canos tubulares. O objetivo é restabelecer o controle bacteriológico do poço.
Problemas como queda da vazão, água suja ou com materiais sólidos, além de odores fortes, são indicadores de que o poço precisa de uma intervenção corretiva.
COMO CONTRATAR
Muitas vezes a manutenção do poço é realizada pela mesma empresa responsável pela perfuração. Mas também é possível recorrer a empresas especializadas em manutenção de poços.
O importante é garantir que o trabalho seja realizado por profissionais especializados, com equipamentos seguros e de boa procedência. Na hora de contratar esse tipo de serviço, recomenda-se verificar se a empresa e seus responsáveis técnicos estão devidamente cadastrados no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
COLABORAÇÃO TÉCNICA
Fernando de Carvalho – Engenheiro agrimensor, atua no DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo) nos setores de fiscalização, perfuração, manutenção de poços tubulares profundos e outorgas para captação de água subterrânea.
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